Exposição Estética da Miséria

A exposição é uma releitura de A estética da miséria, tema desenvolvido em um workshop no Laboratório de Design de Interiores do Politécnico de Milão em 2015 por Andrea Branzi e Michele De Lucchi, e que se transformou numa mostra nacional de indagação da matéria.

O design, sobretudo o contemporâneo, tem buscado mais a riqueza do que a pobreza, mais o elegante e o soberbo do que o miserável e o decadente, aliando-se mais ao luxo do que à miséria. Será que existe uma estética da miséria? No Ocidente, a miséria foi sempre escondida e removida da cultura do projeto – geralmente concentrada no mito do bem-estar e do consumismo – recusando-se a enfrentar a condição sócio antropológica daqueles que vivem marginalizados. Será que o design realmente nunca se ocupou da condição de pobreza? O maior esforço do design no pós-guerra não teria sido aquele de reduzir a miséria e introduzir nas casas das pessoas a possibilidade de terem um conforto razoável e a baixo custo? Será que reproduzir elementos constituintes da matéria da miséria de modo artificial não possibilitaria a introdução de valores estéticos capazes de torná-la aceitável e bela? Essas são algumas das indagações de Silvana Annicchiarico, curadora da Triennale Design Museum na Itália.

“A miséria não é uma doença, mas uma condição também criativa que pertence à realidade”, afirma o designer italiano Michele De Lucchi. Assim, a exemplo da experiência italiana ocorrida em 2015, o tema da “Estética da Miséria” foi também explorado no Curso de Design de Ambientes da FAV/UFG durante o primeiro semestre de 2017.

Indagando o sentido da matéria e da pesquisa projetual na atualidade, propôs-se um percurso na descoberta de realidades de decadência e de precariedade existentes na cidade de Goiânia. A expectativa é despertar novas ideias de sustentabilidade local atentas ao homem, ao ambiente e à arte, porém compreendidas como origem das coisas e direcionadas a um design ético.

O objetivo da exposição é, portanto, apresentar a relação possível entre a miséria e o design por intermédio de resultados experimentais obtidos no decorrer do semestre pelos alunos das disciplinas integradas no Curso de Design de Ambientes, os quais foram atentamente supervisionados pelos professores responsáveis pelas mesmas. Sem o auxílio de tecnologia avançada, os estudantes realizaram modelos contemporâneos de design para espaços interiores, utilizando-se de materiais orgânicos de baixo custo (sisal, cascas e troncos de árvores, gravetos) e materiais descartados, envelhecidos e arruinados encontrados em sucatas, a saber, madeira deteriorada, metal enferrujado, revestimentos estragados, dentre outros.

08/19/2017 09:57:04